Uma dor nas costas pode ser apagada cinco minutos
depois de o paciente se submeter a um raio de luz. Nada de mágica ou ficção
científica. O laser de baixa potência é uma arma promissora contra as crises
que afligem a coluna, como sustentam os experimentos conduzidos pelo grupo do
professor Rodrigo Martins, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade
de São Paulo. No trabalho, publicado na revista médica The Lancet, o time
conclui que a laserterapia é eficaz para a dor cervical, aquela que dá o bote
bem na altura do pescoço. “O laser pode ser indicado nos quadros crônicos,
tanto para a dor cervical quanto para a lombar”, afirma Martins.
Antes, é preciso lembrar que qualquer dor nas
costas exige investigação. “As causas são múltiplas: má postura, desgaste nas
articulações, hérnias de disco”, já avisa o ortopedista Elcio Landin, do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Às vezes o endereço do problema nem
é a própria coluna. No entanto, quando a tortura mora mesmo ali, muita gente
encara um desconforto persistente. É que, como consequência, a musculatura
local passa a hospedar uma inflamação constante. Esse fenômeno, que semeia a
agonia, é o alvo do raio laser. “Após ser absorvida pelo organismo, a luz inibe
a produção de substâncias inflamatórias que sensibilizam a região à dor”,
explica Martins. “Ela também retardaria a fadiga muscular, melhorando o aporte
de sangue.” Assim, os músculos que amparam a coluna permanecem mais
resistentes. A grande vantagem, porém, reside em outro ponto. “Quando
administrado em dose adequada, o laser não surte efeitos adversos”, diz o
professor. Se pensarmos em dores crônicas, isso significa uma revolução.
Afinal, o uso contínuo de drogas anti-inflamatórias oferece riscos ao estômago,
ao fígado e aos rins.
O paciente passaria por entre seis e 12 sessões, de
acordo com a intensidade do problema. Cada uma dura de dez a 30 minutos. O
laser não aquece a pele nem a machuca. No fim do tratamento — que não dispensa
a identificação e a correção da causa da dor —, o suplício tende a ceder.
2. IOGA
Um estudo da Universidade de West Virginia, nos
Estados Unidos, acaba de mostrar que o método presta um enorme serviço à região
lombar. De onde vem a melhora? “A ioga diminui o estresse, relaxa os músculos
tensos e fortalece os flácidos, além de restabelecer a postura”, responde o
educador físico e professor de ioga Marcos Rojo, da Universidade de São Paulo.
É um antídoto para conter ou prevenir acessos de dor. A quem sofre do problema,
o conselho é optar pelas linhas mais tradicionais. “Elas são as que mais
favorecem o relaxamento, a postura e a concentração por meio de exercícios
leves que respeitam as limitações de cada um”, diz Rojo.
3. TERAPIA POSTURAL
3. TERAPIA POSTURAL
No final do século 19, Frederick Alexander
(1869-1955), um ator australiano que recitava Shakespeare, desenvolveu um
método para banir a tensão que o fazia perder a voz no meio das apresentações.
Décadas depois, a terapia batizada com o seu sobrenome ganha aval de uma
pesquisa, publicada no respeitado British Medical Journal, para botar a coluna
no eixo. Um time da Universidade de Southampton, na Inglaterra, atestou, após
avaliar 579 pessoas, que a técnica Alexander melhora em até 40% os quadros de
dor crônica. “A média de dias de sofrimento relatada pelos voluntários caiu de
21 para três por mês”, conta o autor, Paul Little. As sessões são divididas em
dois momentos. “No primeiro, o paciente fica deitado e o terapeuta usa as mãos
para desfazer pontos de tensão”, conta o educador físico Hélio de Oliveira, da
Associação Brasileira da Técnica Alexander. “No segundo, na frente de espelhos,
o indivíduo trabalha a postura e a respiração sentando- se e levantando-se.”
Essas lições são levadas para o dia a dia e ajudam a criar consciência
corporal. “Elas visam aliviar a tensão muscular e corrigir a postura”, diz
Oliveira. Todo o aprendizado dura de seis meses a um ano.
4. TAI CHI
4. TAI CHI

5. EXERCÍCIO FÍSICO
Aquela história de repouso absoluto para quem tem
dores nas costas, sobretudo as musculares, não está mais com nada. É óbvio que
ninguém em meio a uma crise deve correr por aí ou puxar ferro. Mas, quando a
situação está sob controle, o exercício físico é fundamental. “Os exercícios
aumentam a força, a elasticidade e a resistência dos músculos ao redor da
coluna, permitindo que ela suporte cargas inevitáveis no dia a dia”, explica o
fisiatra e reumatologista José Maria Santarém, diretor do Instituto Biodelta,
na capital paulista. As atividades aeróbicas, como caminhada, corrida e
companhia, também cobram cuidados, mas são úteis porque atuam no controle do
peso — e a barriga é inimiga da coluna. Esportes aquáticos são recomendáveis,
por sua vez, porque sob a água o impacto é reduzido e cai a probabilidade de
uma complicação. A academia só não é um ambiente ideal para alguns casos de
hérnia de disco, em que o risco de um estrago maior não justifica o suor da
camisa. Aliás, atenção: antes de se matricular em uma, vale consultar o médico.
6. ACUPUNTURA
6. ACUPUNTURA

7. SEM CIGARRO E BOM SONO
Estamos cansados de ouvir que o tabagismo prejudica
os pulmões e o coração. Os fumantes, porém, nem suspeitam que suas tragadas
também conspiram contra a coluna — a deles e a de quem inala suas baforadas. É
o que revela uma revisão de mais de 80 estudos realizada pelo Instituto
Finlandês de Saúde Ocupacional. “Fumar pode ser um fator de risco para dores
nas costas porque tem efeitos nocivos sobre a circulação do corpo inteiro”,
afirma um dos autores, Rahman Shiri. Há outros fatores relacionados ao estilo
de vida que precisam ser considerados. A mesma entidade finlandesa também
concluiu, em outro levantamento, que um sono de má qualidade patrocina
ofensivas contra a coluna dos jovens, especialmente entre as meninas. Para a
fisioterapeuta especialista em sono Silmara Bueno, de São Paulo, a explicação
não estaria tanto nas horas em claro, mas nas posturas inadequadas quando pregamos
os olhos. “Evite dormir de barriga para cima ou para baixo e na posição fetal”,
aconselha. “Para afastar dores na lombar, a melhor opção é a posição lateral.”
Dá até para adotar um travesseiro de corpo, um rolinho que é abraçado e
posicionado entre os joelhos. O travesseiro para a cabeça, aliás, deve formar
um ângulo de 90 graus entre a cachola e o ombro, o que bota para correr a dor
cervical. Uma coluna saudável também demanda noites de paz.
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